Batalha espiritual, de Caio Fábio

Batalha Espiritual, Caio FábioÉ impressionante como um único assunto – muito importante, por sinal – pode ter abordagens místicas, trágicas e até cômicas às vezes… e outras coerentes e sérias. Este livro certamente entra no segundo grupo. Um livro escrito em 1994, quando o assunto batalha espiritual já era demasiadamente utilizado como chamariz para grandes eventos pseudoevangelísticos, nos quais havia a “determinação”, a “amarração” e outros ões criados para trazer o tal do fogo para a realidade da “igreja cristã brasileira”…

Lembro-me que nesta época comecei a ler um pouco sobre o assunto. Ainda um adolescente, ficava assustado com o que eu lia. Era impressionante o impacto causado nas pessoas pelos conteúdos vistos em cultos, conferências e livros. Efésios 6 torna-se o moto desse pessoal e, mais do que uma admoestação paulina concernente ao dia a dia da vida cristã, o texto bíblico torna-se um manual de guerra, uma convocação à Jihad evangélica.

O tempo passa e surgem mais e mais autores falando sobre o assunto e a cada livro uma nova informação, um novo desafio espiritual, um novo manual pré-fabricado… e tudo vinha para complicar ainda mais. Efésios 6:2 me dava medo: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Mas era o medo por não saber se eu estava preparado para essa guerra. Guerra, por sinal, que eu nem entendia o que significava pois, pelas histórias que lia em livros, tudo estava muito além das minhas condições (e de minha realidade), de modo que estava quase me deixando levar por esse temor do desconhecido. Mas, como foi a mensagem transmitida  pelo profeta Oséias, “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”.

Que bom que o Espírito Santo não se cansa de trabalhar! E sempre mostra sua simplicidade por meio de pouquíssimas – e decisivas  – palavras, como “está consumado”. Ou então o salmo preferido de minha avó paterna. O noventa e um. Não a conheci mas o retrato que tinha dela era o de uma mulher de fé, que tinha a certeza de sua fé e da proteção constante que ela recebia. Era esse tipo de relacionamento com Deus que me trazia alegria e prazer. Medo é algo totalmente diferente de temor. E, com toda aquela história de principados e potestadas, meu temor estava ofuscado pelo medo. Creio que foi o trabalho do Espírito Santo que fez com que eu me afastasse dessa faceta de interpretação bíblica que dá muita relevância ao que deve ser o background. Parece mania de evangélico. Ficar dando muita importância para a força e astúcia do maligno.

Caramba. Não é mais fácil enfatizar “Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo”. (I João 4:4) ou “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas ‘resisti’ ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7b)?

Infelizmente não tive acesso a este livro do Caio Fábio na época mas este ano, quando o li, fiquei muito contente em ver uma visão graciosa sobre o tema. Aprendi a ler e interpretar corretamente o assunto. Sim, devemos conhecer nosso inimigo e saber do que ele é capaz mas o viver deve basear-se no “sei em quem tenho crido e estou bem certo que é poderoso”.

Separei abaixo alguns trechos interessantes do livro mas, obviamente, recomendo sua leitura por completo. Já são quase quinze anos desde sua publicação e, infelizmente, vemos muitas atitudes aqui descritas.

Acusação provém do diabo
“Com essa atitude de Satanás [diálogo com Deus questionando a fidelidade de Jó], aprendemos algo terrível: toda obra de acusação provém do diabo. E não somente isto: toda a busca meticulosa, exagerada, obcecada e detalhista da “justiça” é também diabólica”.

A batalha espiritual já se deu
“Na batalha espiritual, não temos que vencer os principados e potestades, porque eles já estão vencidos; porém, temos apenas que reclamar a vitória em Jesus. Essa é a primeira coisa que precisamos saber. Vejo muita gente querendo lutar e vencer uma batalha que já está vencida. A rigor, a batalha espiritual já se deu. Hoje, nós estamos apenas afirmando a vitória em Jesus“.

Espiritualidade utilitária
“Preocupa-me muito, também, todo tipo de manifestação de espiritualidade utilitária. Infelizmente, nos dias de hoje, cada vez mais um número maior de pessoas olha para o mundo espiritual numa perspectiva utilitária, a qual se baseia em “palavras de ordem” do tipo manda, decreta. Eu, pessoalmente, não tenho nada contra a fé genuína; mas é que, em muitos casos, manifestações outras podem estar embutidas em tais práticas. […] É perigosa e diabólica uma vez que ela concebe a Deus, como Deus, apenas como fonte de bênçãos. Se Deus não abençoar – sobretudo material e financeiramente – Deus não é Deus, segundo essa espiritualidade”.

Ele fugirá de vós
“O que se pode fazer para enfrentar as potestades sócio-político-cultural-econômicas no nível individual? A primeira é a submissão à Palavra. Volte-se para a Palavra, como Jesus o fez: “está escrito”. […] A segunda é praticar o bom senso, não se “estupidificando”, não pulando do cenáculo do templo. Jesus disse: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. A terceira é resistir ao diabo. Jesus disse: “Retira-te, Satanás”

A perda do propósito original
“Há um conceito absolutamente fundamental quando uma instituição, quando uma entidade, seja ela uma igreja, seja ela uma entidade de qualquer outra natureza, “se demonizam” e se pervertem em seu caminho, rendendo-se às influências malignas dos principados e potestades. O conceito é simples e é basicamente este: sempre que qualquer coisa ou qualquer instituição torna-se um fim em si mesma, fugindo assim a seu propósito original, ela ‘se demoniza’.”

O punir ao invés de perdoar
“Quando a religião tem mais prazer em punir do que em perdoar é porque ela já “se demonizou”. Quando is crentes começam a sentir prazer nas sessões extraordinárias, para as quais toda a igreja é convocada para punir e disciplinar irmãos em paco, cuidado! […] Eu, particularmente, conheço crentes que não perdem a uma sessão de disciplina de sua igreja. Eles faltam à celebração da Ceia, às reuniões de oração, ao culto evangelístico ao ar livre, mas, em dia de sessão disciplinar, lá estão eles, nos primeiros bancos, eufóricos. Cuidado! Há algo demoníaco operando nesse tipo de comportamento.”

Se não tem mensagem é melhor que acabe
“Meu irmão, quem tem mensagem não precisa ter medo de nova onda alguma. Se você tem mensagem, a sua igreja nunca vai acabar. E se acabar, é porque ela não tem mensagem. E se não tem mensagem, é bom que ela acabe mesmo”.

Deus não tem igreja
“Ao olharmos para uma instituição religiosa, seja ela uma igreja, seja ela uma missão: quem é que está sendo glorificado através dela? Quem é que recebe glória? É o líder da instituição? É a instituição em si? Preocupa-me muito quando denominações evangélicas históricas fazem cultos comemorativamente exclusivos, anunciando a sua “presbiterianicidade”, a sua “batisticidade”, a sua “luteraneidade”, e assim por diante. Devemos ter cuidado. Deus não divide Sua honra com igreja (sela ela qual for), nem com o líder dela (seja ele quem for). A glória é única e exclusivamente de Deus.

Unidade da Igreja
“Não é a denominação que nos une. Nós – Igreja – só conseguimos viver em unidade se, obcecadamente, colocarmos os nossos olhos na cruz, no sangue do Cordeiro. É olhar para o outro, absolutamente diferente de nós – às vezes estranho, ou até mesmo bizarro – reconhecendo que ele é lavado no sangue do Cordeiro como nós.”

Concluindo, pelos trechos que separei vê-se que batalha espiritual é algo totalmente diferente do que se vê por aí. Se nos conscientizarmos que ela é uma batalha já vencida e que o mais importante é a observância do grande mandamento, todo o restante é consequência natural.

Gosto de ilustrar esta situação como uma escada e uma feira. Amando a Deus vive-se pelo espírito. Aí começamos a subir a escada da vida cristã. Com o leite nos primeiros degraus e o alimento sólido à medida que subimos. E, na subida desta escada da vida descobre-se a cada  degrau uma fruta com um açúcar de sabor inigualável. Há alguns meses passei a acordar cedo no sábado para ir à feira. Sempre memorizo as frutas que vou comprar para fazer os meus sucos. Laranja pera, melão, pera, melancia… Agora, na feira da vida a lista sempre é a de Gálatas 5:22,23.

Batalha Espiritual: Discernindo os Agentes Espirituais no dia-a-dia
Caio Fábio
Editora Vinde
1994
177 páginas
eBook gratuito

6 Comments

  1. veronica m. miller

    14 anos atrás

    como não conhecia, fiquei deslumbrada, com o comentário do irmão; nossa!
    com relação a unidade da Igreja, gostei muito,
    pena que não posso adquirir o livro, sobre batalha espiritual, mas gostei muito do que tenho lido
    graça e a Paz!

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    • rodger

      14 anos atrás

      Veronica, você consegue baixar este livro gratuitamente no site do Caio Fábio, ok? Está no final do post o link 🙂

      Reply
  2. Masterson Santos

    14 anos atrás

    Olá Glauber, quero parabenizar pelos seus textos que você disponibiliza na Net. São muito edificantes também pela experiência sua na caminhada com o Evangelho. Deus esteja te iluminando cada dia mais.

    Reply
    • admin

      14 anos atrás

      Olá, Masterson! Que alegria que dá receber essas mensagens edificantes 🙂 Só tenho de agradecer-lhe e também desejar esta iluminação divina em seu caminho também 🙂 Abraço forte!

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  3. Arnaldo Ribeiro

    14 anos atrás

    FORJANDO OS VERDADEIROS DISCIPULOS DE JESUS CRISTO:
    O ESPÍRITO DOS SANTOS PROFETAS DESPERTA OS DISCIPULOS DO CRISTO VIVO, REVELANDO O QUE ESTÁ ESCONDIDO NAS PARÁBOLAS BÍBLICAS: (RM.9.1) – Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria consciência; (1PE.2,6) – pois isso está na Escritura:
    (MT.15.18) – E chamando Jesus os seus discípulos, disse: (MC.14.41) Ainda dormis e repousais? Basta! (LC.8.10) – A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; aos demais, fala-se por parábolas, para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não entendam: (HB.12.25) – – Tende cuidado, não recuseis ao que fala; (LC.10.24) – pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis e não ouviram; (SL.78.22) – porque não creram em Deus nem confiaram na sua salvação: Vede o que o Espírito Santo nos revela ao recompormos as 116 letras e os 4 sinais, que compõem esta parábola:
    (AP.2.7) – QUEM TEM OUVIDOS OUÇA O QUE O ESPÍRITO DIZ ÀS IGREJAS:AO VENCEDOR DAR-LHE-EI QUE SE ALIMENTE DA ÀRVORE DA VIDA, QUE SE ENCONTRA NO PARAÍSO DE DEUS:
    (LC,20.17) – Que quer dizer, pois, o que está escrito? Quer dizer que hoje podemos ler, entender e saber ensinar que:
    AGORA O CRISTO VIVO ESCREVE ENSINANDO O HOMEM A SER DE DEUS: QUER QUE O ESPÍRITO QUE É DONO DA VERDADE, ESPIRITUALIZE A ALMA QUE É DONA DA JUSTIÇA:
    (JB.14.1) – Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim; (EC.12.14) – porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até mesmo as que estão escondidas, quer sejam boas quer sejam más. (JÓ.33.3) – As minhas razões provam a sinceridade do meu coração, e os meus lábios proferem o puro saber: (LC.14.27) – E qualquer que não tomar a sua cruz e vir após mim, não pode ser meu discípulo: (JB.21.14) – Este é o discípulo que dá testemunho destas cousas e que as escreveu, e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro; (IS.28.26) pois o seu Deus assim o instrui devidamente e o ensina. ((1TS.5.18) – Em tudo daí graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus, para convosco.

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